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Pluralismo Religioso

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Ao abordarem o Ecumenismo no bojo do Pluralismo Religioso nos dias de hoje, Bispos Católico-Romanos e Pastores Sinodais da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em seu histórico Encontro de maio de 2002, destacaram a heterogeneidade religiosa do continente Latino Americano, em sua crescente consciência da pluralidade étnica e cultural. Lembram-nos, também, que essa diversidade deve ser descoberta cada vez mais como riqueza, e não como problema. Porém, é igualmente certo que o pluralismo religioso pode assumir um rosto de intensa intolerância e rivalidade, competição e proselitismo, podendo chegar até mesmo aos discursos difamatórios, práticas egoístas de agressividade mútuas e etnocêntricas. Destacadamente, a falta do diálogo inter-religioso faz com que os indivíduos de uma religião acreditem piamente que somente sua religião deva ser aceita na sociedade, negando e atacando as demais, sendo construídas barreiras que obstruem a interlocução fraterna.

Lamentavelmente, os preconceitos religiosos mantém-se ainda fortemente presentes, as posições fundamentalistas, destruidoras e violentas, ainda estão bem estruturadas e globalmente encontradas e, consequentemente, o conflito entre a defesa respeitosa do pluralismo religioso e a aguerrida luta dogmática é uma realidade vivenciada nos tempos modernos.

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Os membros da Fraternidade, no entanto, acreditam que o diálogo inter-religioso busca, acima de tudo, a construção de uma sociedade mais justa, valorizando a identidade das religiões e sua diversidade. Trazem consigo as palavras de Tillich ao destacar que “O diálogo verdadeiro não se dá através do abandono da tradição religiosa, mas de seu aprofundamento mediante a oração, o pensamento e a ação.” Diferentemente do que se imagina, defender o diálogo inter-religioso na busca pela aproximação do outro, não se sustenta no acobertamento da identidade religiosa, muito menos na negação de sua tradição religiosa, até porque tal diálogo tem como verdadeiro princípio a alteridade.

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O Encontro Ecumênico de 2002 citado acima apontou a existência, nos dias de hoje, de um fértil terreno para o respeito ao pluralismo religioso, coexistindo, porém, lamentavelmente, com uma prática tão ou mais intensa de “avassaladoras tempestades fundamentalistas que obstruem e assolam os intentos ecumênicos”. Entretanto, Cristo Jesus, trouxe, na palavra e no exemplo, uma proposta e uma prática universalista, “indicando o caminho para a verdadeira luz, para que usufruamos do convívio no Reino do céu, sem exceção”.

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Merece a lembrança da fala dos teólogos Francisco Fernandes Gomes e Wilson Rufino de Souza, em seu trabalho sobre a Modernidade o Pluralismo Religioso:

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O pluralismo religioso por se tratar de várias tradições religiosas heterogêneas onde cada uma tem uma visão de mundo divergente, o diálogo inter-religioso não pode faltar na comunicação entre as mais diversas religiões presente numa sociedade laica. (...) Em meio a tantas identidades religiosa no mundo hodierno o diálogo inter-religioso é uma ferramenta preponderante de aproximação de outras tradições religiosa, facilitando a comunicação e quebrando preconceitos, fazendo emergir respeito mútuo e tolerância religiosa.

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A Fraternidade Monástica Anglicana não só discorda do Paradigma Exclusivista, mas busca caminhar além do tão defendido Paradigma Inclusivista, apesar de sua ruptura com a dinâmica mais fechada do exclusivismo. Ela defende, de fato, o Paradigma Pluralista e o permanente diálogo inter-religioso.

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John Hick, filósofo e teólogo inglês, membro da Igreja Presbiteriana da Inglaterra e um dos grandes pioneiros do pluralismo religioso, traz-nos uma importante reflexão sobre o assunto, a qual paira sobre as ideias pluralistas dos membros da Fraternidade e é descrita por Faustino Teixeira da seguinte forma:

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É a Realidade última que constitui para Hick a fonte e o fundamento de tudo, e esta Realidade é inefável, não podendo ser apreendida ou esgotada por nenhum sistema de crença em particular. As distintas expressões religiosas tornam-se contextos de salvação/libertação à medida que se sintonizam com este Real.

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Para Hick e outros teólogos pluralistas, o modelo teocêntrico é indicado para uma “válida reinterpretação da doutrina cristã e para um diálogo inter-religioso mais autêntico”. Lembra-nos Faustino Teixeira de que o próprio Cristo foi teocêntrico, pois “o foco essencial de sua mensagem não está nele mesmo ou em sua obra, mas na sua profunda, íntima e familiar proximidade com o mistério de Deus”.

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Para finalizar este ponto, trazemos novamente Teixeira, ao destacar os pensamentos do também pluralista Raimon Panikkar: “O diálogo aponta para a possibilidade do encontro das crenças, em profundidade, numa mesma fé na verdade e na salvação”, sendo esta uma das bases do pensamento dos membros da Fraternidade.

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